DO TEATRO COTIDIANO OU “TODA/OS SOMOS TEATRO”

OCUPAÇÃO LORD – FLM-FRENTE DE LUTA POR MORADIA

Quinta-feira, 13/11/2014; 22h; 7° andar

Chegando em casa. Elevador quebrado. Bora subir 11 andares de escadas.
Eis que no 7° encontro dois meninos no corredor. Um, em pé, faz uma cena. O outro diz como este pode atuar.

Estão fazendo teatro.
São teatro.
Atuam na vida e no ensaio do que podem vir a ser.

Peço licença para chegar. Eles tímidos, mas sorridentes.

Converso um pouquinho. Um, Denilson, faz teatro na oficina que acontece na ocupação todas as quintas e chamou seu amigo-vizinho do 5° andar, Renato, para participar com ele.

Brincam.
Jogam.

Atuam.

Em cena, cotidianos: pegam metrô, se cumprimentam, brincam juntos, se cansam, se despedem.

A cena é ensaiada, falas decoradas apresentadas com naturalidade.

Minha presença, apesar de certo constrangimento travestido em timidez por eu ter celular armado fotografando, não trava os atores – seguem fluindo.

Me emociono,
Reforço meu trabalho enquanto praticante de teatro, e, mais ainda, teatro da/o oprimida/o.
Boal agarra minha mão (sim, vamos de mãos dadas, poeta),
E pulsam algumas de suas frases em mim, como se saíssem mais uma vez dos livros que me acompanham e se concretizassem em práxis e ações diretas:

“Qualquer pessoa pode fazer teatro. Até mesmo os atores”

“Teatro do oprimido: oferecer os meios de produção aos oprimido/as”

E, por último, Boal citando uma frase ouvida de um camponês do MST:

“O teatro do oprimido é bom porque permite que a gente aprenda o que já sabia”

Abraço-os, sigo subindo as escadas com a certeza de que “a direção da caminhada é mais importante que o tamanho do passo”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *